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Fim de ciclo: por que a venda de Marinho ao Flamengo traz alívio ao Santos


“É difícil ficar com uma pessoa com uma vontade louca de sair”.

O

UOL Esporte

ouviu a frase acima de um importante membro da cúpula do

Santos

ao citar o principal motivo para vender Marinho ao

Flamengo

ontem (27), por cerca de R$ 8 milhões.

Marinho sonhava com uma chance em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, mas se animou com a procura do Flamengo, time do coração do seu pai. Ele fez força para ser negociado, e o Santos não resistiu.

O Peixe tinha o desmotivado Marinho para mais um ano de contrato e sem a ideia de renovar. O departamento de futebol entendeu que a permanência contra a vontade do jogador seria prejudicial ao bom ambiente do CT Rei Pelé. No Fla, ele receberá R$ 750 mil.

No Alvinegro, os vencimentos eram de R$ 400 mil, além de R$ 80 mil mensais em luvas. Ele abriu mão desse bônus, gerando uma economia de quase R$ 1 milhão. Entre salários e 13º, o Santos deixará de pagar aproximadamente R$ 6 milhões até dezembro.

O executivo de

futebol

Edu Dracena e o técnico Fabio Carille estão alinhados sobre o desejo de ter atletas totalmente comprometidos. Isso foi dito ao elenco logo na reapresentação para a pré-temporada. “Só vai ficar quem quiser”.

A maior parte do Comitê de Gestão foi favorável à venda de Marinho. Como o contrato estava perto do fim e havia possibilidade dele sair de graça, o Santos não conseguiu o valor esperado. A expectativa inicial era R$ 10 milhões.

Clima pesado

Marinho não estava feliz. O atacante terminou 2021 disposto a começar 2022 em outro clube, mas não viu propostas durante as férias e precisou se reapresentar no CT.

Após perder alguns dias por causa do teste positivo para covid-19, Marinho negativou e pediu um tempo a mais para voltar ao Santos. E o Peixe, por meio de Edu Dracena, negou. Marinho chegou no dia esperado, mas se atrasou por duas horas na manhã seguinte. E levou uma dura.

O relacionamento com alguns membros da comissão técnica e dirigentes era ruim. Entre funcionários de diferentes departamentos, opinião dividida. Já o convívio com a maioria do elenco era saudável. A Santos TV não fez vídeo de despedida como é comum com atletas queridos que saem.

Pessoas do dia a dia do CT Rei Pelé afirmam que precisavam “aguentar” Marinho pois em campo ele era decisivo. Diante da má fase em 2021, o ambiente com ele só piorou. E muitos evitavam ficar no mesmo lugar que o “pivete”.

A faixa de capitão, uma forma de tentar ver Marinho de volta em bom nível, não pegou bem internamente. O atacante só aparecia publicamente nos bons momentos e raramente falou em nome do grupo em derrotas. Os problemas físicos viraram argumento para todas as atuações ruins.

Quando o Santos perdia, Marinho reclamava de companheiros, da estratégia tática, do vazamento de escalações e muitas vezes pediu para não atuar ou treinar. Ele nunca assumia qualquer culpa, mas aparecia nos microfones ou nas redes sociais quando se destacava.

‘Me deixa respirar’

Em setembro de 2021, Marinho criou polêmica numa live com o jornalista Ademir Quintino no Instagram. Ele reclamou de não receber um “plano de carreira” do Santos.

“As propostas foram recusadas pelo presidente. Tenho contrato, ninguém nunca falou comigo nesses dois anos sobre renovar, sobre plano de carreira. Eu cheguei a perguntar e falaram que não tinham condições de dar aumento. E eu pedi para pensarem quando chegar algo de fora. Falei: ‘Me deixa respirar’. Soteldo, Lucas Veríssimo, Luan Peres, Kaio Jorge, Pituca, Alison… Todos saíram. E eu não saio também?”.

Na ocasião, Marinho também demonstrou mágoa por não ter sido defendido de críticas pelo Peixe. Ele estava em recuperação de grave lesão na coxa esquerda. O departamento médico fez um procedimento à época.

“Tomei cinco pontos na minha perna, terei que reformar a tatuagem. Abriram minha perna. Quando me perguntam na rua, eu tiro o curativo e mostro. Fui muito xingado nesse período, falaram que era migué. Sim, claro (foi um erro médico). E não me respaldaram, disseram que eu voltaria em 15 dias”, falou o camisa 11.

Marinho entende que poderia ter sido chamado pelo Santos para renovar o contrato em dois momentos principais: quando foi considerado o “Rei da América” e estava em recuperação de problema no joelho após o vice-campeonato da

Libertadores

diante do Palmeiras. E durante o tratamento da lesão na coxa. O Peixe, porém, nunca fez proposta.

Em campo, foi rei

Marinho chegou ao Santos falando em criar raízes e a adaptação não demorou. No Peixe de Sampaoli, Marinho cresceu de produção e formou uma dupla de pontas que ficou entre as mais temidas do Brasil naquele ano ao lado de Soteldo.

Na temporada seguinte, com Cuca, veio a coroação. A improvável final de Libertadores, perdida para o Palmeiras, passou muito pelos pés do camisa 11. Ao fim do torneio, foi eleito o Rei da América.

Até aquele momento, Marinho somava 71 jogos, 32 gols e 13 assistências, uma média impressionante de gols e participações diretas: 0,45 gols por jogo ou 0,63 participações diretas por partida.

Mas o ano de 2021 seria muito diferente. Marinho ficou publicamente insatisfeito com várias baixas no elenco vice-campeão continental e isso afetou seu desempenho. Em meio a diversas lesões, o atleta entrou em campo 42 vezes, marcou nove gols e deu quatro assistências: médias de 0,21 gols por jogo ou 0,3 participações diretas por duelo, menos da metade do bom início no Peixe.

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