Em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br, o ex-Flamengo Mattheus Oliveira lembrou da convivência com
R10
no clube carioca e de como o astro impressionava até nos treinos
Aposentado oficialmente dos gramados desde 2018,
Ronaldinho Gaúcho
vestiu algumas das camisas mais pesadas do futebol brasileiro e mundial durante a carreira. Uma delas a do
Flamengo
. E apesar da rápida passagem pelo
Rubro-Negro
, entre 2011 a 2012, que terminou em saída conturbada, o astro deixou as melhores impressões para alguns dos seus ex-companheiros no clube.
ESPN.com.br
, o meio-campista
Mattheus Oliveira
, que atualmente atua pelo
Mafra
, da segunda divisão de Portugal, e foi revelado como profissional pelo Flamengo em 2012, relembrou algumas histórias de
R10
no
Rubro-Negro
. E segundo ele, apesar do pouco tempo de convivência com Ronaldinho, foi possível perceber rapidamente o motivo do atleta eleito duas vezes como melhor do mundo ser tão especial.
Conhecido por fazer artimanhas com a bola durantes as partidas, com dribles desconcertantes para cima dos adversários, Ronaldinho impressionava até mesmo nos treinos. E segundo Mattheus, ele conseguiu presenciar algumas “cenas assustadoras” do astro nos treinamentos, principalmente no domínio e nas cobranças de falta.
”
Eu sempre digo que, em parte técnica, de gênio, eu nunca vi igual ao Ronaldinho, acho que para existir outro é muito difícil porque ele fazia coisas que ninguém consegue fazer até hoje, numa facilidade. E ele fazia natural, a gente via nos treinos
. No jogo você vê, mas é nos treinos que você consegue realmente ter a noção da qualidade técnica do jogador, e, cara,
o Ronaldinho era impressionante, batendo falta, o domínio…eu sempre digo que parte de magia, técnica, o Ronaldinho nunca vi igual, no auge dele
. Poder estar de perto desses caras que eram meus ídolos, ver ele treinar, foi um experiência única que guardo até hoje”, começou por dizer.
”
Treino de falta, era impressionante
, ele batia 10 faltas e falava para o goleiro ‘vou bater 10 faltas, vou fazer 7, se você pegar uma eu perco a aposta’. Ele batia, fazia 8 (gols de falta), batia uma na trave e outra para fora, e o goleiro não tocava na bola, era impressiomante.
Quando ele queria treinar, acordava e falava ‘hoje eu quero treinar’, não tem como, não tinha condições. E mesmo com 30 e pouco anos, o pessoal já dizia que ele estava em fim de carreira e, mesmo assim, impressionante
“, prosseguiu.
“O domínio dele, no final do treino, às vezes, eu ficava com o Klebinho, que era o roupeiro, ficava brincando, chutava a bola para cima, muito alto, ele vinha, dominava, a bola parava no pé dele. Ou, às vezes, ele dominava e dava de primeira para colocar dentro do saco de bolas, para acabar o treino.
Fez coisas que eu acho que, até hoje, já vou completar 10 anos de carreira como profissional e não vi ninguém fazer isso ainda
“, concluiu.
Na época, o Flamengo ainda tinha outros exímios cobradores de falta, como
Thiago Neves
e
Renato Abreu
. Mattheus lembrou como era a “disputa” entre o trio.
“É impressionante. E ainda tinha Thiago Neves, Renato Abreu…o Renato Abreu também batendo falta era impressionante. Ele eu posso falar porque o Renato fiquei mais tempo, jogamos juntos, com o Ronaldinho não fiquei tanto tempo assim, mas mesmo assim. O Renato era uma batida diferente, um pouco mais forte, mais pancada, mas o Ronaldinho era impressionante”, disse.
Ronaldinho o deixou ‘sem graça’ na frente de todos
Além dos treinos e jogos, Mattheus também lembrou de como era Ronaldinho nos bastidores do Flamengo. Segundo o meio-campista, no dia em que conheceu o camisa 10, que sempre foi uma das suas principais referências no futebol ao lado de Kaká, o deixou sem graça nos vestiários. Por sorte, tudo não se passou de uma brincadeira feita pelo astro.
“Quando eu era garoto, eu era muito acanhado, muito tímido. Eu vi um ídolo na minha frente, sabe? Eu ficava quietinho. Mas eu lembro de uma história dele resenha, engraçada.
Eu estava com ele, aí eu cheguei no vestiário para treinar com o pessoal, e eu garoto, e eu olhei, primeira vez que vi o ídolo (Ronaldinho) na minha frente, só que ele já sabia, ele conhece meu pai há muitos anos e tudo, só que eu nunca vou imaginar que o cara vai saber quem eu sou, quem é o meu pai, eu nunca vou imaginar isso, ele é o Ronaldinho
. Aí eu cheguei todo tímido, aí ele na frente de todo mundo, eu já estava vermelho para caramba, e ele ‘aí, professor’ – acho que o treinador na época era o Luxemburgo – ‘aí, professor, os garotos de hoje em dia entram e nem falam com a gente, nem cumprimentam a gente’ (risos).
Aí eu falei ‘não, pelo amor de Deus’, aí eu fui lá cumprimentar ele ‘não, não, agora eu não quero falar contigo’ (risos), e sério, eu falei ‘ferrou, não vou subir nunca mais, o Ronaldinho não gostou de mim’ (risos). Daqui a pouco, deu um, dois minutos, eu fiquei quieto, aí ele começou a rir muito, ‘não, estou brincando Mattheus, está doido?’. Eu fiquei nervoso, eu falei nunca mais vou treinar no profissional (risos)
“, lembrou com bom humor.
Por último, o ex-Flamengo lembrou que até hoje guarda com muito carinho o período ao lado do astro no clube carioca, incluindo o primeiro treino ao seu lado.
“Isso daí para mim foi uma coisa que fica marcada comigo até hoje. Lembro da primeira vez que eu fui treinar, porque eu sempre falei que eu sou muito fã do Ronaldinho, sempre fui muito fã do Ronaldinho, sempre falava quando era criança que os meus ídolos eram o Kaká e o Ronaldinho, sempre falei isso
. Estar ali de perto, vendo ele treinar, vendo ele como um ídolo para mim, vendo de perto. Lembro da primeira vez que eu fui treinar com ele. Eu ficava ali parado, olhando, parecia que eu estava…via o cara na TV, jogava videogame com o cara, e ele está aqui do meu lado, eu falava ‘não é possível, isso aqui não pode ser verdade’, ficava olhando parado para ele, e os outros ‘o que esse garoto está olhando para ele?(risos)'”, finalizou.
