Em fevereiro de 2019, Henrique Dourado foi vendido pelo
Flamengo
após receber uma tentadora oferta do Henan Jianye, da China, que mudaria sua vida. Pouco tempo depois, ele viu o ex-time faturar diversos títulos e ter a chance de vencer pela terceira vez a
Conmebol Libertadores
, na decisão contra o
Palmeiras
.
A final é no dia 27 de novembro
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Mesmo tendo perdido a oportunidade de ter sido multicampeão na Gávea, o centroavante não se arrepende da escolha que fez naquela época.
“Lembro que a proposta chegou de madrugada. Sentei, conversei com a família e o meu empresário e eu decidimos aceitar o projeto e encarar o desafio. Era algo que tinha em mente e aconteceu tudo naturalmente”, disse ao
ESPN.com.br
.
“Já me falaram que saí no ano em que o Flamengo ganhou tudo. Eu fiquei feliz porque cada um tem uma trajetória na vida. Não tenho arrependimento por ter saído, fiz grandes amigos por lá. Se eu tivesse algum arrependimento, não estaria feliz comigo. Tudo ocorreu da forma que deveria acontecer. Foi uma honra ter vestido a camisa do Flamengo”, garantiu.
Prestes a completar 30 anos quando recebeu a oferta, Henrique acreditava que não teria outra oportunidade tão boa no futuro por causa da idade.
“Foi algo que daqui um ou dois anos não teria a chance de chegar outra proposta como chegou. O tempo passaria e perderia a oportunidade. Eu saí em comum acordo com o Flamengo, que topou me negociar. Não foi só uma escolha minha”, explicou.
Artilheiro do Brasileirão em 2017 pelo Fluminense, Henrique foi contratado no começo do ano seguinte pelo clube da Gávea. No total, ele fez 43 jogos e 14 gols pelo time rubro-negro antes de mudar-se para a China.
“Antes de aceitar. eu procurei muitas informações com vários atletas, que me falaram super bem”, falou.
‘Cumprimentei três vezes o mesmo cara’
Assim que chegou à China, Henrique sofreu um pouco para se acostumar com a cultura local e cometeu algumas gafes.
“Passei por várias situações curiosas aqui e não tenho vergonha de contar. No primeiro dia, o pessoal estava andando sem parar pelo refeitório e fui me apresentando a todos os jogadores. Só que não percebi que cumprimentei o mesmo jogador umas três vezes. Na terceira, ele falou em inglês: ‘Ô, irmão, três vezes?’ Eu pedi desculpas (risos). Já teve vezes que pedi uma comida no restaurante e veio outra coisa. Precisei ter paciência para aprender a cultura deles e me adaptar”.
Logo na estreia pelo Henan, o centroavante marcou um gol, mas sofreu uma fratura na perna que o deixou muito tempo fora dos gramados.
“Foi um choque para mim, porque senti muitas dores e precisei operar na China. Mas tive um respaldo muito bom do clube e dos jogadores brasileiros que estão por aqui. Precisei ter uma cabeça muito forte. Vi muitos atletas que tiveram lesões como a minha e superaram, como o Anderson Silva [na luta contra Chris Weidman]. Isso foi importante. Recebi muitas mensagens”.
Liberado pelo Henan Jianye para que se recuperasse no Brasil, ele começou o tratamento no Flamengo e depois foi para o Palmeiras, que o contratou por empréstimo por alguns meses no fim de 2019. Foram apenas quatro partidas antes de voltar para a Ásia.
“Ficar aqui foi fundamental porque o clube queria que eu voltasse com cautela. Não consegui ter uma sequência tão grande no Palmeiras porque teria que voltar para a China, mas entendi e continuei treinando”, afirmou.
Desde o ano passado, ele retomou o caminho das redes: foram 13 gols em 30 partidas.
Neste momento, o jogador se prepara para a retomada no futebol na China, que será feita nos moldes de “bolha”, com todos os times na mesma cidade. Quando conversou com a reportagem, ele estava cumprindo quarentena em um quarto de hotel e treinava com aparelhos cedidos pelo Henan. Por causa da pandemia, não conseguiu trazer a família, que permaneceu no Brasil.
“Fiz uma temporada muito boa na China e voltei a fazer gols. Agora, estou dando sequência. Tivemos muitas paradas esses tempos por causa das datas Fifa, mas estou sempre buscando o melhor”, finalizou.
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