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E se Jorge Jesus estiver se vingando de Marcos Braz?


Marcos Braz cumprimentando Jorge Jesus em sua apresentação no Flamengo – Foto: Alexandre Vidal

BLOG DO ANDRÉ ROCHA: A entrevista de Jorge Jesus ao companheiro Renato Maurício Prado foi bombástica. O colega experiente fez seu trabalho arrancando declarações fortes, até chocantes pela total falta de respeito ao compatriota Paulo Sousa.

Falta de ética, no mínimo. Sem meias palavras, podemos até chamar de sujeira e canalhice.

Até ontem, ao menos para este que escreve, tudo que Jorge Jesus fizera desde julho de 2020 seguia uma lógica de mercado. Um mercado que pode ser bem cruel, como é o capitalismo em sua essência.

Ele deixou o Flamengo, mesmo com contrato renovado, para o Benfica. A pandemia pesou, mas o fato é que treinar o time português, no cenário mundial, está acima de comandar os rubro-negros. Afinal, o salário é alto em euros e é possível jogar a Liga dos Campeões.

Até avançar de fase, como fez o time encarnado ao eliminar o Barcelona da fase de grupos da edição 2021/22 e se classificar para enfrentar o Ajax nas oitavas.

Foi isso que prendeu Jesus ao Benfica, mesmo em meio a uma crise seríssima, com torcida e o presidente Rui Costa querendo ver o treinador pelas costas. Por isso foi lacônico na reunião com Marcos Braz e Bruno Spindel em uma terça e o auxiliar João de Deus, no dia seguinte, afirmou que a comissão estava concentrada no duelo com o Porto no Dragão.

Jogo que teve Braz e Spindel na platéia, o que irritou Rui Costa e o próprio Jorge Jesus. Braz sendo fotografado sorridente enquanto o Benfica levava de 3 a 0 e a crise se tornava insustentável em Lisboa.

Rui Costa só esperou o Flamengo fechar com Paulo Sousa para demitir Jorge Jesus, com o ato final sendo o “motim” dos jogadores por conta de um desentendimento do treinador com Pizzi. Mas não há dúvida que a reunião com os dirigentes rubro-negros pesou também na decisão.

Então, Jorge Jesus mentiu ao dizer que Braz e Spindel tiveram apenas um encontro informal, sem o Flamengo demonstrar interesse. Uma simples pesquisa na internet com notícias daquele período mostra que não foi isso que aconteceu. O depoimento de João de Deus é bem claro:

– O Mister disse (na reunião com Braz e Spindel) que não pode e nem quer neste momento abandonar o Benfica.

É claro que houve uma proposta. E Jesus e o Benfica só emitiram uma nota no dia seguinte porque a informação da reunião vazou.

Jesus queria seguir no Benfica, acreditava em uma redenção com a classificação na Champions, que até acabou ocorrendo ao eliminar o Ajax, porém com outro treinador. Na prática, Braz e Spindel atrapalharam seus planos.

E certamente Jesus ficou ainda mais irritado ao ser demitido e o Flamengo não desfazer o negócio com Sousa. Sim, o veterano treinador português, com seu ego do tamanho de Lisboa, acreditou que o clube se renderia de joelhos ao vê-lo desempregado. Não aconteceu.

Por isso fica a dúvida, que é legítima, pelo “hábito” que Jorge Jesus tem de faltar com a verdade quando lhe convém:

E se ele estiver blefando com o Flamengo? E se veio ao Brasil justamente para “devolver” a Marcos Braz a crise que o dirigente criou em Portugal?

Há uma proposta do Fenerbahçe que Jesus vem empurrando com a barriga e também uma possibilidade de suceder Tite no comando da seleção brasileira. Quem sabe não são suas prioridades?

Ou quem sabe o plano de vingança é ainda maior, por saber que Braz banca Sousa e, muito provavelmente, deixaria o cargo junto com o treinador se o presidente Rodolfo Landim viesse com uma ordem de cima para contratar Jesus até o dia 20, prazo estipulado na entrevista para fechar negócio.

Se ocorrer, seria uma humilhação para o clube, se colocando abaixo de um treinador que, na opinião deste colunista, é enorme na história do Flamengo, mas ainda fica atrás de Paulo Cesar Carpegiani, campeão da Libertadores e do Mundial em 1981, e Carlinhos Violino, que só vestiu a camisa do clube e, principalmente, sempre se colocou como um servidor fiel da instituição. Sem usá-la para atender seus interesse.

Fica a dúvida, diante de tantas inverdades e demonstrações de falta de caráter. E tudo ainda pode ter sido parte de uma manobra política, liderada por Kléber Leite, ex-presidente, adversário político da atual diretoria e que foi o anfitrião da reunião em que estiveram Jorge Jesus e Renato Mauricio Prado, que, repito, fez apenas seu trabalho de jornalista.

A única certeza é que este que escreve seguirá sendo crítico do trabalho de Paulo Sousa, mesmo com as ressalvas dos problemas no departamento médico e do “legado” da péssima preparação física em 2021.

Também seguirá achando que Jorge Jesus é um treinador muito melhor que Sousa. A longa carreira e, principalmente, a passagem pelo Flamengo com cinco títulos e apenas quatro derrotas, são a prova factual disso.

Mas este colunista nunca mais escreverá uma linha em defesa da volta de Jesus ao Flamengo. Porque o futebol também é negócio, mas há limites e o português extrapolou todos eles na noite de quarta-feira.

Link do Artigo do FlaResenha

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