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Dorival aperfeiçoa ideias de Jesus e Paulo Sousa no Flamengo, supera números de 2019 e encurta caminhos com visão integrada


Dorival tem um plano, mas o Flamengo também tinha. O ajuste de rota na temporada 2022 teve o novo comandante como figura fundamental para trazer de volta conceitos que o clube deixou pelo caminho, na esperança de que a grife internacional de Paulo Sousa desse certo, tal qual com Jorge Jesus. Mas foi o técnico brasileiro que recuperou ideias propagadas pelo português multicampeão pelo clube entre 2019 e 2020, conseguiu adaptá-las e ir além, encurtando a rota por soluções diante de um calendário apertado e a necessidade de conquista de três competições.

Preocupada em trazer de volta o trabalho realizado pelo clube nos últimos anos, antes da crise provocada pela pandemia, a diretoria demitiu Paulo Sousa, que até tinha esta visão, mas pecava na gestão do elenco. A partir disso, priorizou um treinador capaz de aproveitar melhor tanto o que os jogadores tinham para oferecer, como os próprios profissionais rubro-negros, e resgatar a tempo a estrutura científica do clube. A receita tem dado certo antes do esperado por muitos, mas internamente a ideia era justamente essa reação imediata.

No lugar da numerosa comissão de Jesus, o Flamengo reconstruiu seu departamento e comissão permanente, aprimorou a parte física, e no campo um Dorival aberto ao diálogo e à gestão compartilhada de decisões promoveu estratégias que o português até utilizava, mas não com o mesmo fim. Por exemplo, passou a treinar todos os atletas e separar dois times em dois campos do CT, com os mesmos trabalhos táticos. Agora, porém, sem manter uma base em todos os jogos, e sim o rodízio entre as competições. A estratégia fez com que todos os jogadores colocassem os objetivos coletivos acima dos individuais, uma vez que a minutagem do elenco passou a ser dosada e gerou satisfação maior pela participação constante.

Como já havia passado pelo Flamengo em 2018 apenas com um auxiliar, Lucas Silvestre, Dorival tinha noção do que o clube havia feito, e repetiu a filosofia. Com um entendimento facilitado com os profissionais da preparação física e departamento médico, integrou seu preparador, Celso Rezende, e ainda recebeu o fisiologista Tadashi Hara, com quem trabalhou no Athletico. Tudo isso facilitou o alinhamento sobre o controle de carga e nos trabalhos preventivo e de força. No dia a dia, o técnico ficou marcado por saber ouvir os diferentes setores antes das decisões.

— Gostaria de ressaltar o nosso dia a dia, com Juan e Fabinho (gerentes), além de todas as equipes que estão lá, analistas, departamento médico. Você só tem que pensar na partida, no adversário e na melhora da sua equipe. Esse trabalho vem encontrando resultado há um tempo, pois está funcionando de maneira positiva. Os jogadores estão ali para o seu trabalho, tudo está sendo resolvido e preparado por fora, para que eles cheguem, fiquem confortáveis, e se preocupem em se preparar. Como nós, que temos recebido toda essa condição, agradeço muito ao Flamengo pois poucos clubes têm essa estrutura, e isso favorece o trabalho de qualquer profissional — salentou o técnico.

A recuperação de Pedro nesse contexto salta aos olhos, mas Dorival ganhou um time praticamente inteiro. O revezamento levou a um melhor uso de Filipe Luís, que não ficou tão sobrecarregado fisicamente. A subida de produção de Rodinei foi visível, assim como dos meias Arrascaeta e Éverton Ribeiro, este último após um início de ano muito ruim fora de posição. A consistência do sistema defensivo foi a primeira preocupação, e virou trunfo com a consolidação de David Luiz e Léo Pereira como dupla titular, protegidos por João Gomes e Thiago Maia, que também subiram bastante de produção. Tudo isso sem contar com a segurança de Santos em todos os jogos.

Como consequência dessa gestão e recuperação do grupo, as lesões desapareceram e foi possível não só utilizar melhor o plantel, como promover uma reformulação no meio da temporada, sem prejuízo ao desempenho. Após saídas de nomes em baixa e oportunidades de mercado, como Andreas, Arão, Gustavo Henrique e Vitinho, houve reposição na medida certa. Vieram Éverton Cebolinha, Vidal, Pulgar e Varela, todos lançados aos poucos – este último sequer estreou. Jovens como Victor Hugo, Lázaro e Matheuzinho tiveram maior rodagem, assim como o veterano Diego, o atacante Marinho e a dupla de zaga reserva, Pablo e Fabrício Bruno.


Melhor que 2019?

Com um elenco enfim inteiro, Dorival implementou aos poucos um jogo de imposição, com intensidade no ataque e preenchimento de espaços por todos os jogadores. Com a bola, o Flamengo passou a ter liberdade, sobretudo de seus meias mais criativos, e de Gabigol, que se tornou peça-chave na criação, propiciando que Pedro pudesse ser o goleador e, quando possível, um preparador de jogadas. Que são construídas desde a defesa. O resultado se explica nos números.

Em 24 jogos, Dorival alcançou 77,8% de aproveitamento com 18 vitórias, quatro empates e duas derrotas. O time tem 51 gols marcados e apenas 14 sofridos, com média de gols de 2,125. A invencibilidade já chega a 15 partidas. Os dados se aproximam dos atingidos em 2019 com Jorge Jesus. Na ocasião, foram 28 vitórias em 40 jogos. Um total de 86 gols marcados e 35 sofridos, com média de 2,15. Mas o aproveitamento atual é superior, pois só em 2019 foi de 75% ao fim do ano.

Além de encaminhar as vagas nas finais da Libertadores e da Copa do Brasil, Dorival fez o Flamengo pular da décima-quarta posição no Brasileiro para a vice-liderança, a sete pontos do Palmeiras. Agora, precisa transformar um trabalho de excelência de vai para três meses ainda em resultados impactantes.

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