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‘Dois do Fla cobrem o gasto do futebol do Goiás’, diz presidente do clube


O Goiás recebe o Flamengo na noite deste domingo, no estádio da Serrinha, e sabe da importância do duelo para se manter na primeira página de classificação do Brasileirão 2022. O presidente do clube, Paulo Rogério Pinheiro, conversou com exclusividade com a coluna sobre o momento do Esmeraldino. Ele defendeu mudanças fundamentais no calendário e na estruturação do

futebol

brasileiro, entre elas, uma distribuição de dinheiro mais igualitária.


O que acha que tem sido fundamental para a campanha competitiva do Goiás na Série A?



PRP:

Na realidade tudo começou no dia 02 de janeiro de 2021, quando tomei posse. Tomei medidas radicais. Cortei despesas e mudei a forma de gestão. Tiramos as pessoas amigas e trouxemos profissionais. Requalificamos, mudamos processos, e o principal: equalizamos a dívidas. Peguei o Goiás com a maior dívida de sua história. Tinha um elenco sem nenhum jogador do clube e numa Série B, sem dinheiro para pagar. Foi um trabalho de formiguinha junto com os vice-presidentes. Desde então temos honrado tudo em dia. Nunca atrasamos salários, premiações, dívidas, ou impostos nesses 20 meses. Isso deu tranquilidade para montar o elenco para esse ano. A tendência é melhorar no ano que vem, mas sempre pagando em dia.


Qual é a prioridade? Se manter ou buscar uma vaga em competição sul-americana?



PRP:

O Goiás tem a menor receita da Série A. Não poderíamos errar com o elenco enxuto que montamos, e isso aconteceu, foram poucos erros. A nossa prioridade é permanecer na Série A, mas não gosto de sonhar pequeno. A partir do momento que fizermos 45 pontos, vamos buscar vaga em uma competição sul-americana. Vamos jogo a jogo, como disse o Jair Ventura. Se deixarem a gente permanecer na parte de cima da tabela e a torcida jogar junto, nós podemos chegar lá.


Mesmo passando por rebaixamentos recentes, sabe-se que o Goiás tem uma boa estrutura há alguns anos. Por que o clube deixou de se colocar na primeira página da classificação da Série A?



PRP:

Realmente passamos por diversos rebaixamentos. Entramos numa gangorra, mas temos umas das cinco melhores estruturas do Brasil, e o que fez entrar nisso foram gestões de pessoas que não eram do futebol. Não modernizaram a gestão do clube, não enxergaram o futuro. Para você ter ideia, já estou pensando em 2023 há quatro meses. Vamos fazer uma mexida estatutária pesada, contemplar a SAF para o clube. Sou um empresário grande no estado e me aposentei das minhas empresas para me dedicar ao Goiás. Joguei futsal e adoro estudar o futebol. Isso faz com que eu consiga fazer a administração do clube junto com o Harlei(ex-goleiro do clube e vice de futebol), o Jair Ventura, e o Edmo Mendonça, presidente do Conselho. Nosso grupo é afinado. Ainda tem o Eduardo Pinheiro, que trabalha com a base e tem um olho clínico, os analistas de dados, de desempenho, e de contratação.

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Paulo Rogério Pinheiro, o presidente do Goiás

Imagem: Reprodução/TV


Qual é o posicionamento do clube sobre as tentativas de fundação da Liga de Clubes do futebol brasileiro? Como o Goiás pensa que deve ser a divisão de cotas de TV?



PRP:

Somos membros do Forte Futebol e queremos uma divisão mais justa, não só para as cotas de TV, mas para todo o bolo do futebol. Algo mais igualitário e próximo dos países desenvolvidos no esporte. Não dá para ganhar dez vezes menos do que um clube que disputa a mesma divisão. Para você ter ideia, o Goiás gasta por mês cerca de R$ 2,2 milhões com o futebol. Dois jogadores do Flamengo já gastam isso. Fica sem graça! A competição fica desigual. Mas o esporte é maravilhoso e prega peças. Chegar a um título nacional, porém, é muito difícil. É lógico que o Goiás não quer receber metade do que o Flamengo ganha. Sabemos o nosso espaço. Se a Liga não sair, os 40 clubes das Séries A e B vão perder muito dinheiro.


Vê amadurecimento na maioria dos outros presidentes para pensar de forma coletiva nos bens do futebol brasileiro?



PRP:

Realmente isso é complicado. Mas existe uma nova safra. Me incluo nela e cito o Marcelo Paz, do Fortaleza, por exemplo. Nós temos a mentalidade mais aberta. É melhor todos ganharem. Os antigos dirigentes querem ganhar dentro e fora de campo. No grito. Só eles querem ganhar dinheiro. Esse tipo de dirigente não olha outras ligas e nem outros esportes. Precisamos utilizar esses bons exemplos no Brasil.


O seu pai(Hailé Pinheiro) é o maior dirigente da história do clube. O que pode nos contar sobre o convívio com ele, o que aprendeu, e a cobrança por alcançar resultados parecidos com os dele?



PRP:

Há cinco dias sepultamos ele. Teve 59 anos de Goiás. Pegou o clube como um time amador e transformou no maior do Centro-Oeste. Quem conhece a estrutura do clube se assusta. É muito boa, e foi construída por ele. Temos mais de 4 mil alunos nas escolinhas de futebol, mil nas escolinhas de esportes olímpicos. Infelizmente colocou alguns presidentes que o traíram e fizeram coisas erradas. Comecei a aprender com ele em 1998, como diretor de esportes olímpicos. Todo mundo fala que dos cinco filhos que ele teve, eu pareço mais. Fui pegando tudo de bom e de ruim também. Brigo muito pelo Goiás. Ele deixou um legado de respeito, basta ver as atitudes do Vila Nova e do Atlético Goianiense, nossos principais rivais aqui. Ambos prestaram lindas homenagens a ele na semana de seu falecimento.


Como vê o calendário do futebol brasileiro? O que acha que pode ser feito para melhorar e como entende a participação dos Estaduais nisso?



PRP:

Até hoje não entendo o porquê não mudamos o calendário e adequamos ao futebol europeu. Sou totalmente a favor disso. Com um mês de férias. Mais um de pré-temporada. Sou adepto do fim dos Estaduais para os clubes de Série A e B. Teríamos mais 15 ou 18 datas. Conseguiríamos jogar só aos finais de semana no Brasileirão e deixaríamos os meios de semana para as Copas e Regionais. Não vejo lógica em jogar em campos em que o vestiário não cabe nem 15 pessoas no vestiário, o campo não tem medidas oficiais, o gramado não existe. Aí você põe um jogador de 300 mil reais mensais numa realidade dessa. O cara machuca o joelho e nos dá um prejuízo enorme. Disse ao novo presidente da Federação Goiana que, se não houver uma solução para isso, vou começar a mandar os jogos no CT, com o time sub-20, e às 15h. O Campeonato Goiano é totalmente amador!

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Jogadores do Goiás comemoram gol marcado por Pedro Raul diante do Atlético-MG

Imagem: Fernando Moreno/AGIF


Há algo mais que considera necessário mudar em nosso futebol?



PRP:

Já externei ao presidente da CBF a minha insatisfação com a janela de transferências. Não entendo como o Sindicato dos Atletas não agiu contra isso. Tinha um lateral-esquerdo aqui que o contrato iria até maio deste ano. Não iríamos utilizá-lo, mas fui obrigado e liberá-lo em março para ele poder conseguir um outro clube. O rapaz até chorou na minha sala e eu me sensibilizei. Se tivesse deixado ele até maio, ficaria desempregado até julho. Outra coisa, contratei o Sávio, lateral-esquerdo que veio de Portugal, no dia 1º de junho. Ele só pôde atuar a partir de 15 de julho. Ficou 45 dias sem receber premiação e direito de arena. E o pior, a CBF não poderia registrar o contrato. Tive que fazer um vínculo comum com ele, sem ser o de atleta profissional, e depois de 45 dias rescindir para fazer um contrato formal na CBF. Tá errado. Não sei de quem foi essa ideia. Isso tem que ser conversado com os clubes. A CBF está errando. Com a Liga não teria isso. Passou da hora de profissionalizar os árbitros também. Já está virando ”chacota”. O Goiás foi o time mais prejudicado neste Brasileirão. Cada um interpreta a regra de um jeito. O VAR procura pelo em ovo. Parecem investigadores de polícia. Não vejo isso em lugar nenhum do mundo. Acho que o Ednaldo Rodrigues pode fazer um grande trabalho na CBF, mas é preciso agir junto com os clubes.

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