Notícias

Como vaias direcionadas atrapalham Hugo, do Flamengo; treinamento de goleiros pode influenciar má fase


No livro “O Futebol ao Sol e à Sombra”, o escritor Eduardo Galeano afirma que a multidão não perdoa o goleiro. Hugo, do Flamengo, tem vivido essa sensação aos 23 anos. Embora titular e bancado pelo técnico Paulo Sousa, precisa lidar com a pressão da arquibancada do Maracanã, palco da partida de hoje contra o Goiás, às 16h30, e dos próximos três jogos.

Diante da Universidad Católica, na terça-feira, o jovem foi vaiado desde o princípio e por todo jogo. Ao fim da partida, recebeu apoio dos companheiros e do treinador diante de falhas em sequência nos últimos jogos. Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, manter essa rotina de perseguição pode ser pior para o time.

– Quando mais você vaia, maior o risco dele cometer uma falha – avisa o psicólogo do esporte Alberto Filgueiras, que deixou o Flamengo em 2019. Ele explica que a cobrança ao goleiro é totalmente diferente da cobrança a um jogador de linha.

– Até porque o goleiro não tem opção de mudar de localidade no campo. Ele fica parado, no mesmo local, recebendo essa energia, xingamenos, falta de apoio, a mercê disso fisicamente, não pode sair do gol.

Por se tratar de uma vaia a um jogador específico, e não ao time todo, os efeitos negativos são piores. No caso de um goleiro, ainda mais. O atleta que recebe esse estímulo eleva seu nível de ansiedade. E, assim, fica com medo de errar. Com isso, torna seu jogo o mais seguro possível. E para o goleiro, isso pode representar um jogo ruim e burocrático.

– De certa forma o goleiro é o que não pode errar. Além de ser o que carrega a função de não deixar o prazer do futebol acontecer, que é o gol, não pode errar – lembra o psicólogo Rodrigo Pieri, Presidente da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (ABRAPESP).

Essa é a realidade de Hugo, que se mostrou abalado dentro do Flamengo. O estafe do goleiro tem dado todo o suporte, mas falta ao clube um trabalho mental para conter essa insegurança.

Treinos podem influenciar

De acordo com profissionais que trabalharam com Hugo no Flamengo, o comportamento do jogador nas últimas partidas pode ser resultado das opções técnicas do preparador Paulo Grilo, auxiliar de Paulo Sousa. A leitura é que os treinamentos atualmente são mais de reação. Com isso, Hugo e os demais goleiros ficam sem tempo de bola. Tanto que as falhas ocorrem em chutes de longe, cruzamentos.

Para um goleiro, os treinos são muito importantes. Pois reproduzem em volume muito maior movimentos repetitivos idênticos aos que fazem nos jogos. Outro fator interno atribuído ao comportamento de Hugo é o fato dele ter estreado no profissional durante a pandemia, sem público. E passado a lidar com multidões depois, precisando se adaptar às cobranças diante de um estilo de jogo que o coloca em ação muitas vezes.

Há no Flamengo e em pessoas que conhecem o trabalho de Hugo a percepção que o momento pede preservação. Para não perder o talento em função do ambiente tóxico de uma torcida exigente. Com passagens por seleção de base e convocado até por Tite para a principal, Hugo saiu do posto de terceiro goleiro para virar titular a partir do fim de 2020, sob o comando do técnico Rogério Ceni, após Diego Alves ter que lidar com lesões.

Link Original

E pra você que curte o mundo esportivo -- entre agora mesmo em Palpites GE e tenha sempre em mãos as melhores dicas de investimento no futebol brasileiro e internacional.