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Como o Flamengo inspira o Botafogo de John Textor


John Textor, dono do Botafogo – Foto: Vitor Silva / Botafogo

O GLOBO: Diogo Dantas e João Pedro Fragoso

Através dos dólares de John Textor, o Botafogo tenta encurtar o caminho que o Flamengo percorreu com as próprias pernas nos últimos anos. Os clubes, que se enfrentam amanhã pelo Brasileirão, em Brasília, estão em estágios distintos de um ciclo virtuoso do futebol moderno, que prevê saneamento financeiro, aumento progressivo de investimentos e desempenho esportivo para manter o crescimento sustentável de receitas. Para que isto ocorra, é necessária uma gestão profissional.

O Flamengo equacionou sua dívida a partir de 2013 e, nos últimos anos, a aumentou para manter os investimentos no futebol e voltar a conquistar títulos importantes. O aporte de Textor no Botafogo através da SAF, que custou R$ 400 milhões, garante um primeiro movimento de qualificação do elenco que só foi possível no Flamengo a partir de 2015, mas que cresceu mesmo com as vendas de Vini Jr, em 2017, e Lucas Paquetá, em 2018. Desde 2019, o clube rubro-negro mantém as finanças sem sustos, embora os títulos tenham cessado.

No alvinegro, o primeiro movimento tem sido montar um plantel de qualidade para disputar o Brasileiro na volta à Série A, além do desenvolvimento e a valorização de novos talentos. Mas mesmo com o dinheiro do investidor americano, é difícil que os números se aproximem dos atingidos pelo rival de amanhã.

— Não acredito que, por mais que se injete dinheiro no Botafogo, se chegue a números comparáveis aos do Flamengo. A realidade de geração de receita é diferente. Os investidores não vão querer rasgar dinheiro. Lá na frente não vai ter retorno — afirma Fred Luz, ex-CEO do Flamengo e hoje sócio-diretor da Alvarez & Marsal Sportainment.

Manter o ciclo girando
O divisor de águas é a capacidade de gestão de cada clube. Se o Flamengo não conseguir capturar toda receita possível, inclusive na venda de jogadores, o que tem tido dificuldade de fazer desde a saída de Reinier ao Real Madrid, há problemas de déficit, como no começo de 2022, de R$ 63,6 milhões. Desde então, a estratégia é vender no atacado vários jovens a cada ano. No Botafogo, será preciso alternar aportes e vendas também.

— O Botafogo não tem tamanho de torcida suficiente para gerar as receitas que o Flamengo consegue gerar. Pode dar uma turbinada em um ano, mas no ano seguinte vai ter que recuperar o dinheiro que colocou. Não dá para fazer isso pra sempre. O investidor precisa gerir isso para manter o ciclo girando — explica Fred Luz.

Para isso, é necessário vender outros jogadores para comprar adiante e manter o desempenho do time, como tem feito o Flamengo e outros clubes-empresa, como o Bragantino, que contrata jogadores jovens e os revende após valorização. É assim que Textor pretende agir não só para manter as receitas, como também para seguir com bom desempenho. Quanto melhor o time, mais luz se lança no elenco. O Botafogo pode aumentar as chance de disputar título e também ver esse ciclo virtuoso girar com uma vaga na Libertadores, por exemplo, objetivo que o Flamengo alcança todo ano desde 2017.

O alvinegro pagou R$ 138 milhões em dívidas e investiu R$ 65 milhões em reforços. Nesse cenário, o aporte de Textor em dólar pesa. Já houve R$ 150 milhões em investimentos. A partir de agora, para pagar o restante da dívida, a SAF repassa 20% de toda receita, independente do valor, e 50% do lucro da empresa.

— Quando ele olha o plano de negócios, o racional da receita é em moeda forte. O racional da dívida é em reais. Em teoria, assumindo que o real se desvalorize no longo prazo, é um benefício positivo para o investidor na hora de tomar decisão — analisa Leonardo Coelho, da Alvarez & Marsal.

Em campo, o técnico Luís Castro ainda não definiu quem jogará ao lado de Cuesta na zaga. Sem Sampaio e Carli, machucados, a disputa está entre Kanu, que se recupera de lesão, o jovem Kawan e Klaus.

Link do Artigo do FlaResenha

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