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Arthur Muhlenberg: ‘É impossível se esconder do Flamengo’


Foto: Marcelo Cortes/Flamengo

Finalmente, o Flamengo deixará o playground do Carioca, competição que baixa consideravelmente as taxas de adrenalina dos jogadores e da torcida. Vamos todos à Cuiabá para mais uma disputa da Supercopa. Já se tornou um hábito. Parabéns aos envolvidos.

Mas o que é que se faz com uma Supercopa? Qual a sua serventia? É um título que não classifica para nenhuma outra competição, não leva o seu vencedor a lugar algum. Claro que vale pelos R$ 5 milhões dados ao vencedor, uma quantidade estúpida de dinheiro, com poder de arrumar a vida de qualquer mortal, mas que no mundo mágico do futebol brasileiro é merreca, ainda mais quando comparada às premiações de 8 dígitos da Libertadores, do Brasileiro e da Copa do Brasil. Competições de verdade onde o Flamengo é habitué e sempre faz um dinheiro forte, mesmo nas raras ocasiões em que não as vence.

Diante dessa conjuntura econômica podemos deduzir com segurança que não é a cobiça a principal motivação do Flamengo ao disputar pelo terceiro ano consecutivo o inútil e, por que não dizer, miserável troféu. Até tranquiliza o torcedor saber que as aspirações do Flamengo são espiritualmente mais elevadas, que a Supercopa é só mais um compromisso de um time acostumado ao centro das atenções e que não acha ruim ser (tri)campeão, seja lá do que for. E não há nada de extraordinário nessa postura do Flamengo, é isso que acontece naturalmente quando um time habita outro patamar.

Nas duas últimas edições da Supercopa o Flamengo foi à Brasília, praça onde se tentava criar uma tradição ligada a esta competição festiva, e sem maiores dramas deu pisas protocolares nos então vencedores da Copa do Brasil. Pegou a sua taça na humildade, acionou o canhãozinho de papel picado, tirou as fotos que precisava tirar e foi pra casa, vida que segue, todo mundo cheio de serviço.

Nas duas ocasiões o Flamengo, e a sua torcida, mesmo com o direito de portar o título informal de melhor do Brasil, não demonstraram qualquer soberba ou arrogância. Pelo menos nenhuma soberba ou arrogância extra, que já não fosse uma condição preexistente. Muita gente não quer, ou não é capaz, de entender que esse é o jeitinho rubro-negro de ser. O ar de justificada superioridade, própria dos verdadeiramente grandes, não tem nada a ver com a Supercopa, é algo que nasce com a pessoa, uma qualidade que se tem ou não se tem, não dá pra pedir pra um velho da lancha pagar uma prótese.

O Flamengo pode sofrer de várias moléstias, que são objeto de críticas até de seus próprios torcedores, mas o Flamengo nunca esqueceu quem é e nunca tentou ser o que não é. Palmas pro Flamengo pelo seu estoicismo inato e sua vocação para o protagonismo. Uma das coisas que o Flamengo sabe que não é, é ser chorão. Simplesmente não faz parte da nossa natureza ficar chorando pelo leite derramado. O que passou, passou, vamo em frente que atrás vem gente.

Talvez seja essa, entre muitas outras, a maior diferença do Flamengo para o seu adversário na Supercopa 2022. Pra quem não conhece bem o Atlético Mineiro, desconhecimento absolutamente normal já que os mineiros só ganharam algum destaque na mídia nacional há muito pouco tempo, causou espanto o ataque de perereca coletivo promovido por seus dirigentes e torcedores por causa do jogo de domingo. Parecia o Botafogo mesmo, só que sem praia e sem um passado remoto glorioso de Garrinchas e Didis que justificasse tamanho recalque com o poderio do Flamengo.

O atual campeão do Brasileiro e da Copa do Brasil fez tudo que estava ao seu alcance para não ter que seguir o regulamento da competição e enfrentar o Flamengo num quadrilátero relvado. Preferiram enfrentar o Fuderoso Equalizador da Gávea nas páginas da imprensa e nos corredores da CBF, um valhacouto de vagabundos de notória incompetência, de onde nunca saiu nada que prestasse ou fosse benéfico ao desporto nacional.

Sabe-se lá por quais motivos os mineiros conseguiram manobrar a CBF e refugar diversas sedes escolhidas pela entidade para receber o jogo. Os atleticanos queriam jogar em casa uma competição criada para ser disputada em campo neutro. E confessavam esse grave desvio de cidadania sem nem tremer a cara.

Antes de patrocinar a vergonha suprema de seu diretor de futebol Rodrigo Caetano requisitar publicamente a entrega pura e simples da Supercopa aos mineiros sem nem mesmo jogar, o ex-monotitulado das Alterosas dedicou-se com afinco à uma missão quixotesca, encontrar uma cidade no Brasil em que a torcida do Flamengo não fosse hegemônica. Como dizia o cavaleiro de triste figura ao escudeiro Sancho Panza, “Fui me distanciando da realidade ao ponto de já não poder distinguir em que dimensão vivo”.

Chacota. Baldada essa absurda tentativa de esbulho, os mineiros se renderam à realidade e, magnânimos, se permitiram aceitar que a Supercopa se jogasse em Cuiabá, a 1926 km do Rio e 1570 km de Belo Horizonte. Longe o bastante para que a viagem de torcedores de ambas as equipes se tornasse uma admirável façanha de logística, ainda mais porque só decidiram onde seria o jogo em cima da hora. Uma lamentável imprevisão, que na pujante indústria aeroviária nacional só tem um significado: majoração nas tarifas.

Para o Atlético, foda-se o torcedor, o que importa é fugir do Flamengo e se esconder da iracunda Magnética, habituada a ganhar campeonatos para o Mengão apenas na força do gogó. Só que deu ruim, oficializou-se que o que eles mais temiam vai fatalmente acontecer no dia 20. Foi a senha para que os mineiros iniciassem nova rodada de pirraças, mimimis e chororôs injustificados. Primeiro reclamaram que o Flamengo reservou o melhor hotel da capital mato-grossense, deixando para eles apenas muquifos sórdidos e insalubres. Depois choraram porque o Flamengo, sempre previdente, já havia reservado o único CT disponível na cidade.

A esta altura da vergonha pública dos mineiros a torcida do Flamengo em Cuiabá já havia se multiplicado, tornando-se o refúgio natural dos cuiabanos profundamente ofendidos em sua honra hoteleira. Muita gente que nem sabe quem é a bola vai à Arena Pantanal torcer pelo Mais Querido e mostrar que Cuiabá é cosmopolita o bastante para repudiar a notória má educação dos atleticanos.

A avaliação dos cuiabanos sobre os modos do Atlético é autoexplicativa, mas nós, rubro-negros, temos que ter a grandeza de admitir que quando a galinha pira ela produz conteúdo de qualidade, de cunho humorístico, mas de qualidade. Quem não se escangalhou de rir com os queixumes e faniquitos com os quais os mineiros nos brindaram nas últimas semanas? Futebol é esporte, mas também é entretenimento e o Atlético, até pela vasta experiência, sabe tudo sobre coadjuvar.

E no meio de toda essa humilhação pública os caras ainda tiveram a pachorra de requisitar à proba CBF a oficialização de um ignoto Campeonato Brasileiro de 1937, supostamente disputado contra potências futebolísticas do porte da Liga da Marinha da Guanabara, da Aliança Campista e do Rio Branco do Espírito Santo. Revisionismo histórico não tem graça nenhuma, mas se o leitor quiser fazer uma pausa pra cair na gargalhada, a hora é essa.

Tá puxado, muito puxado, viver nesses tempos ágrafos em que analfabetos querem convencer os alfabetizados que o que está escrito nos livros, jornais e regulamentos não vale mais. Não poderia haver época mais propícia para o Flamengo dar um sacode nesses arrivistas que pensam que o dinheiro, além de comprar um futuro, é capaz de apagar um passado. O torcedor do Flamengo sabe o que eles andaram fazendo nos últimos 50 anos quando não estavam chorando ou justificando fracassos. Não estavam fazendo nada.

Bora pra cima deles, Mengão, rumo ao TRI! Que essa mineirada tirando onde de rico tá com roupa emprestada, é freguês antigo.

Link do Artigo do DiariodoFla.com.br

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