Principais potências do futebol brasileiro nesta temporada, Atlético-MG e Flamengo se enfrentarão no próximo domingo e testarão, em campo, a capacidade de converter dinheiro em resultado esportivo.
Esses clubes têm elencos estrelados e chances de títulos relevantes, mas as semelhanças param por aí. Em termos de trajetória administrativa e financeira, em um retrospecto recente, mineiros e cariocas optaram por modelos diferentes para chegar ao mesmo objetivo.
O Flamengo detém o maior faturamento do futebol nacional
, fato que lhe possibilita, há vários anos, comprar e remunerar vários dos melhores jogadores disponíveis no mercado.
A arrecadação beira R$ 1 bilhão
.
Já o Atlético-MG tem passado por um fortalecimento repentino
, causado por dinheiro que não tem origem exatamente em suas receitas, mas na participação de empresários atleticanos, os famosos mecenas.
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Flamengo x Atlético-MG — Foto: Infoesporte
Flamengo x Atlético-MG — Foto: Infoesporte
Investimentos em jogadores
A comparação dos valores investidos por atleticanos e rubro-negros em direitos de atletas, ou seja, em contratações, ajuda a entender os diferentes retrospectos das associações fora de campo.
O Atlético-MG vinha de administração pretensamente austera anos atrás. Em 2017, o investimento em atletas prontos foi mínimo. Mas a história mudaria nos anos a seguir. Particularmente, em 2020, quando os mecenas começaram a colocar dinheiro para dentro da estrutura.
Por outro lado, o Flamengo passou por uma reformulação administrativa e financeira que começou em 2013 e teve seu auge em 2019. Esse processo também está evidente nos números abaixo.
O
ge
reproduz números coletados por Cesar Grafietti, economista que lidera o estudo sobre as finanças do futebol no Itaú BBA. Eles apontam o dinheiro efetivamente investido por cada clube em direitos de atletas por temporada, ou seja, saídas registradas no fluxo de caixa.
2017 – 8 milhões
2018 – R$ 47 milhões
2019 – R$ 31 milhões
2020 – R$ 251 milhões
2017 – R$ 87 milhões
2018 – R$ 135 milhões
2019 – R$ 223 milhões
2020 – R$ 167 milhões
– Os dois estão em fases diferentes de desenvolvimento. O Flamengo tem um projeto que já deu certo. Pode desandar, mas já deu certo. O Atlético-MG está em um projeto que conta com mecenas, que carrega dívida muito grande, mas que tem ativos não ligados a futebol para ajudar a pagar essa conta. Só vai dar para comparar os dois quando os projetos forem finalizados – analisou Cesar Grafietti.
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Atlético-MG x Flamengo — Foto: Pedro Souza / Atlético-MG
Atlético-MG x Flamengo — Foto: Pedro Souza / Atlético-MG
É verdade que Atlético-MG e Flamengo investem quantias igualmente altas em reforços – pelo menos na última temporada e na que está em andamento. E também é verdade que, apesar disso, a capacidade de arrecadar é bastante diferente nesses dois clubes.
No primeiro semestre de 2021, segundo balancete, os mineiros registraram R$ 72 milhões em receitas. Esse valor inclui tudo: direitos de transmissão, patrocínios, associações e transferências de atletas.
Nesse mesmo período, em seis meses, também com base em balancete, os cariocas tiveram R$ 365 milhões em arrecadação. Em comparação com o faturamento atleticano,
a diferença é de cinco vezes… e contando
.
À medida que entra mais dinheiro no caixa, melhora a capacidade de arcar com salários de jogadores, entre outras despesas do departamento de futebol e do restante do clube. O Flamengo já chegou nesse ponto. O Atlético-MG ainda conta com o patrimônio dos mecenas para ter dinheiro. Logo, precisará elevar sua arrecadação para se tornar sustentável.
– Vejo os dois clubes, de alguma forma, tentando encontrar alternativas de receitas que saiam do óbvio. Eles foram para o fan token, o Flamengo fala em abrir capital da parte que tem no banco digital, quer investir no Tondelo. O Atlético-MG lançou camisa com chip, tem seu NFT. Eles têm uma visão de que o futebol precisa ampliar o leque de receitas. Nisso, são semelhantes – comparou Cesar Grafietti.
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